Secretariado Diocesano do Ensino da Igreja nas Escolas - Porto
Hoje 175
Ontem 301
Esta semana 732
Este mês 6003
Total 1659186
Neste momento: 6 convidados e nenhum utilizador em linha
"
As férias ensinam a olhar, perguntar, pensar
Tempo de férias: tempo para olhar, ou melhor, para contemplar.
Sim, porque habitualmente olhamos as pessoas ou as coisas, mas não as vemos.
Não temos tempo para deter o olhar, habituado a responder ao estímulo de alguma coisa
que o atrai de maneira repentina: um semáforo, um placar publicitário…
Ou então olhamos aquilo que nos é dito para olhar: os nossos olhos são atraídos
por aquilo que foi pensado para nos seduzir,
para chamar a nossa atenção, para acender o nosso desejo.
Não é por acaso que, muitas vezes, constatamos «não vi, não me dei conta»,
só porque uma coisa não se impõe ao nosso olhar.
As férias são um tempo propício para exercitar o olhar:
sobre uma praia ter os olhos abertos para o céu;
deter-se a ver o mar que está sempre a mudar de cor e de forma;
ver como uma formiga transporta uma migalha de pão; observar como é feita uma flor…
É assim que se aprende a “ver com o coração”, como aconselhava o Principezinho.
Então, ao abrir os olhos do nosso coração, podemos dedicar-nos a contemplar,
a ver em grande, e, por isso, a sentir em grande.
Assim se começa a ver verdadeiramente aquilo que existe e vive ao nosso lado,
ainda que muitas vezes não nos apercebamos;
treinamo-nos a admirar e a acolher o inesperado,
o que é desconhecido e diferente daquilo que pensamos. (...)
É preciso, então, encontrar tempo para ficar a sós, no silêncio, e demorar-se nas perguntas que nos habitam.
Se nunca fizermos este “trabalho”, arriscamo-nos a viver à superfície, sem estarmos conscientes,
sem conseguir ler a nossa vida e a avaliá-la nas suas expetativas e nos seus fracassos.
Os latinos diziam que cada ser humano amadurecido deve conseguir “habitare secum”,
a habitar consigo, a escutar-se.
Não é uma operação narcisista,
mas um ato de verdade sobre si e sobre a relação com os outros.
É uma necessidade para agarrar a própria vida nas mãos com um mínimo de lucidez,
e assim aprender a amar-se a si e aos outros com inteligência e criatividade.
Nas férias, dêmos, por isso, tempo à reflexão, ao pensar.
E a quem nos pergunta «o que estás a fazer?», respondamos:
«Olho e penso».
Rara mas extraordinária resposta!"
Enzo Bianchi
Para consultar o texto na íntegra, aqui.
No dia 26 de maio,
o nosso bispo, Dom Manuel Linda,
fez um tweet alusivo à nossa disciplina.
"Incentivo vivamente a matrícula na disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica.
A educação é mais que um diploma: é uma perspectiva de vida, uma maneira de ser.
Famílias e jovens habitualmente frequentadores, animem os outros. Vale a pena."
O nosso agradecimento pelo gesto e pelas palavras.
Aproveitando o ensejo,
partilhamos também os links para os vídeos
que o SNEC tem publicado diariamente,
de acordo com os ciclos de ensino.
Clique no título de cada vídeo para o visualizar.
- 26 de maio: 1.º ciclo: EMRC é alegria!
- 27 de maio: Ensino Secundário: EMRC, atreve-te!
- 28 de maio: 2.º e 3.º ciclos: EMRC, estamos Contigo!
- Testemunho dos alunos: Vem e Vê, a Alegria da EMRC
Dando continuidade ao trabalho de proximidade e comunhão no serviço à disciplina de EMRC,
pedimos a todos os professores um esforço redobrado para um final de ano atípico e, simultaneamente,
partilhamos convosco o que os últimos trabalhos e novidades:
1. A equipa nacional de apoio à disciplina de EMRC e o SNEC recuperaram e
disponibilizaram 127 recursos para todos os ciclos do ensino básico,
disponíveis no site de apoio às escolas da Direção Geral de Educação (DGE) e no site Educris.
Ainda no mesmo site, estão disponibilizadas algumas unidades letivas em formato pdf.
Para consultar ambas as informações, clique no link seguinte e seleccione, no menu do lado esquerdo,
a opção a que pretende aceder: http://www.educris.com/v3/centrorecursos/#qualquer/
2. Encontra-se agora finalizado um conjunto de recursos para os canais youtube do #EstudoEmCasa, da Direção Geral da Educação,
disponibilizados, cremos nós, ainda esta semana.
Poderão aceder através do link: https://www.youtube.com/channel/UCTzWCFMxJ4wWmWlh-Gzewfg
Trata-se de um conjunto de vídeos sobre conteúdos programáticos para todos os ciclos e níveis de ensino.
No ensino básico privilegiaram-se as últimas unidades letivas, sendo que, no 3.º ciclo,
se optou pela abordagem em dois vídeos das temáticas gerais das unidades terminais de cada ano.
No ensino secundário, os recursos abordam conteúdos transversais às diferentes unidades letivas.
3. No nosso plano de trabalho, o SDEIE encontrou estas estratégias de sensibilização para a disciplina através dos seguintes momentos:
a) No início do 3.º período, lançámos o primeiro “pequeno filme”, com o Youtuber Paulo Sousa,
que dava a notícia do adiamento inevitável do nosso XVIII Encontro de Alunos de EMRC Porto,
mas ao mesmo tempo lembrávamos a importância da disciplina e convidávamos todos os alunos a inscreverem-se no próximo ano.
b) No dia 15 de maio, dia da nossa grande festa, lançámos o 2.º “pequeno filme”,
agora com o DJ Kalash, a lembrar que esta festa já fazia parte da tradição da EMRC Porto
e, para assim continuarmos, mantém-se importante que a disciplina continue a ser valorizada,
através da matrícula na mesma.
4. O SNEC e a equipa de apoio à EMRC definiram e implementaram algumas estratégias com o mesmo objetivo:
a) participação em 3 programas da Ecclesia, na rubrica Fé dos Homens da RTP 2, nos dias 12, 19 e 26 de maio
com testemunhos de professores, alunos e encarregados de educação.
Para ver o programa do dia 12 de maio: https://www.rtp.pt/play/p50/e472029/a-fe-dos-homens ( a partir do minuto 08:23) - testemunho de professores
Para ver o programa do dia 19 de maio: https://www.rtp.pt/play/p50/e473364/a-fe-dos-homens (a partir do minuto 08:14) - testemunho de alunos
Neste momento, o programa Fé dos Homens, em direto: https://www.rtp.pt/play/direto/rtp2 (mais tarde, estará disponibilizado no site da RTP Play)
b) elaboração de vídeos motivacionais para reforço dos materiais distribuídos aos secretariados diocesanos,
tendo em vista a matrícula dos alunos na disciplina de EMRC.
Pela riqueza da experiência, é importante sublinhar que estas ações
contaram com a participação de todas as dioceses
como forma de concretização de uma dinâmica de serviço e comunhão.
Quanto aos vídeos motivacionais, estão identificados por ciclos e serão disponibilizados gradualmente
no site da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé – Educris –
acompanhados de divulgação nas redes sociais, através do link https://www.facebook.com/educris.pt/
Terão um pré-anúncio no dia anterior àquele em que o vídeo será disponibilizado.
O primeiro foi anunciado ontem e saiu hoje de manhã. Consultem aqui.
Pede-se, pois, a vossa atenção e colaboração na informação desta dinâmica aos vossos alunos.
Para terminar, apontamos para a nossa página que quer continuar a ser o vosso Mural Positivo
e onde partilhamos todos estes materiais e conteúdos.
Queremos agradecer a vossa atenção e colaboração nesta belíssima missão na educação,
neste ano tão particular nas suas exigências e reaprendizagens.
Voltar a usar mãos e corpo para viver a comunicação como obra de arte
Qual foi a maior renúncia nos meses de “clausura” e de distância exigidas para deter o contágio?
Ao conversar com amigos, ao telemóvel ou nas redes sociais,
desde o início emergiu que a dificuldade maior
foi a de não poder sequer dar a mão a quem se encontrava, muito menos um abraço.
Já nos dias anteriores à “clausura” era requerida esta distância, e, ainda que de má vontade,
sorríamo-nos de longe, elevávamos a voz para nos fazermos ouvir, sem nos aproximarmos.
Não foi fácil aprender de repente a regra da não-proximidade que passa por à mesa na refeição os lugares são afastados,
nenhum abraço, nada de sinais de atenção e confiança que pusessem em ação o sentido do tato.
Por espontânea reação tornámo-nos mais do que nunca digitais para comunicar,
para não nos sentirmos sós, numa espécie de bulimia de contactos, ainda que virtuais.
Paradoxal: negação do contacto corpóreo e doida necessidade de estar sempre “em contacto”,
muito mais do que antes (que já não era pouco!).
Vivemos, por isso, sem contactos físicos, reprimindo a afeição e a empatia que só o encontro pessoal pode dar.
E fomos feridos por saber que os doentes caminhavam para a morte
isolados e privados da possibilidade de contactos físicos, quando deles mais precisavam.
Tudo isto nos deve fazer refletir sobre o tato, o sentido mais “antigo”,
ativo em cada um de nós desde a condição de feto no ventre materno.
O tato está sempre em exercício para todo o animal vivo.
Cada dia da nossa vida, até ao da morte, quando alguém, tocando-nos, dirá «já não respira».
O tato é recíproco, acende-se graças ao com-tato.
É mediante o tato que realizamos as relações do corpo com o mundo:
o nosso corpo toca e toma alguma coisa do mundo que, à sua volta, é tangível.
E é o tato que, mais do que outros sentidos, atesta a experiência certa.
O tato diz-nos, em particular, onde o outro se situa, próximo ou distante,
tocado ao de leve ou apertado, abraçado; é o sentido que mais nos acende de alegria e prazer nas relações, até à exultação.
Por isso precisamos não só de trocar palavras ou olhares,
mas de sentir reciprocamente os corpos junto de nós, de acariciar ou imprimir um beijo.
No exercício do tato as mãos são a linguagem comum, bem para além das palavras. Qual inefável arte a carícia…
Quando – esperamos que em breve – voltarmos a apertar-nos a mão,
a abraçar-nos e a beijar-nos, procuremos estar conscientes deste sentido e da sua qualidade decisiva para a nossa vida.
Sem demonizar a comunicação virtual, tão útil neste tempo de pandemia,
voltemos a usar as mãos e o corpo para viver a comunicação como obra de arte.
E o coração acompanhe o tato, para que a epiderme viva e vibre graças à arte consciente do tocar,
capaz de iluminar os nossos dias.
Texto de Enzo Bianchi adaptado pelo SDEIE. Consulte aqui o texto na íntegra
Fotografia de Cotk Photo
Neste tempo tão difícil para todos, seria muito importante que se pudesse construir
uma grande aliança entre professores, alunos e pais.
Que se evitassem os excessos das práticas de escolarização,os mal-entendidos,
as reclamações que não têm em conta os contextos turbulentos da ação.
Sabendo as óbvias dificuldades deste programa, enuncio-o,
acreditando no horizonte de possibilidades.
Frágeis e contingentes, certamente.
Mas confiando nas inteligências e nas sensibilidades
dos que fazem da educação o primeiro de todos os ofícios.
5. A perda do olhar e o icebergue do silêncio.
Neste tempo de distância perdemos o olhar de alunos e professores.
Esta é uma das perdas maiores.
Podendo embora interagir, o olhar digital não tem nada a ver
com o olhar humano próximo e sensível.
É um olhar cibernético e frio incapaz de perceber
as vibrações da alma dos alunos.
É uma perda irremediável que nenhuma plataforma
ou televisão pode remediar.
E o silêncio cresce nesta distância.
O professor fala para um universo de alunos que não vê
e raramente ouve e não tem de os mandar calar.
A fala discente tende a ser residual.
A pedagogia da ternura e do afeto esvai-se pelas ruas da amargura.
Nos tempos bilaterais, na ação tutorial que também é possível,
temos de suprir o mais possível estas perdas. Estas feridas.
6. Gerar aprendizagens múltiplas, diferentes, recontextualizadas.
Este deve ser a ambição maior dos educadores e professores.
Fazer com que os seus alunos aprendam.
E como é que os alunos aprendem?
Os alunos aprendem ensinando (explicar, resumir, estruturar, esquematizar….),
fazendo (escrever, fotografar, legendar narrar uma história, dramatizar, relatar, interpretar, descrever, catalogar….),
falando (argumentar, interagir, enumerar…).
Para que isto possa ser possível os professores têm de falar pouco,
elevar os patamares de uma planificação mais estruturada e aberta,
passível de ser concretizada nas Zonas de Desenvolvimento Proximal dos seus alunos (todos iguais e todos diferentes).
Pensar em situações que levem os alunos a refletir, a agir, a pesquisar, a problematizar,
a deliberar, a analisar, a criar, a argumentar, a produzir
(perguntas, textos, banda desenhada, fotogramas, videogramas, narrativas, dramatizações, desempenho de papéis…).
A pedagogia da descoberta, do problema, da interpelação,
do desafio é um caminho que tem de ser sistematicamente percorrido.
7. Fazer dos encontros virtuais interpelações e desafios plurais.
A pedagogia enunciada tem de se basear na diversidade e na pluralidade de hipóteses e propostas de trabalho.
Tem de propor (e não impor) atividades múltiplas, adequadas aos diferentes contextos,
enunciar as condições possíveis de realização, os critérios da valoração e de sucesso.
A pedagogia da descoberta e do obstáculo
à medida de cada um tem aqui um campo por excelência de realização.
Mas que nos obriga a pensar de forma muito estruturada
as atividades e os desafios que vamos propor.
E só através de um trabalho mais colegial
e colaborativo o conseguiremos fazer.
8. Valorizar a avaliação formadora.
Esqueçam as notas e as classificações.
Foquem-se numa avaliação que possa gerar mais aprendizagem.
Reduzam ao mínimo indispensável a parafernália das evidências, dos registos digitalizados.
Não estamos no tempo do classificar, do ordenar, do hierarquizar, do premiar e do sancionar.
Estamos num tempo de uma avaliação para as aprendizagens relevantes para a vida.
Centrem-se nas aprendizagens essenciais e no perfil desejável do aluno à saída da escolaridade obrigatória.
Nos conhecimentos, nas atitudes, nos valores que é importante promover e desenvolver.
9. Esquecer a função seletiva e segregadora da escola.
Uma das funções sempre praticada pela escola foi a de selecionar os melhores com base na ideologia meritocrática…
Hoje dizia: esqueçam as notas. Considerem as aprendizagens importantes para vivermos no caos.
No limite, considerem as notas atribuídas no final do 2.º período — bem sei que este é um conselho heterodoxo,
mas deixem,de qualquer modo, enunciá-lo.
Considerem a autoavaliação dos alunos, em funções das metas plurais, dos critérios de êxito.
10. Fazer do professor o inspirador, o organizador, o maestro.
Este não é o tempo do debitar a matéria.
Do professor ser o transmissor dos conhecimentos prescritos.
É o tempo de inspirar, desafiar, contextualizar as aprendizagens face a novos cenários de vida.
De ensinar o que não se sabe levando os alunos a pesquisar, a procurar, a aprender a formular problemas,
testar hipóteses, compreender os paradoxos do tempo em vivemos.
Excerto da carta aberta de José Matias Alves | 6 de maio de 2020
Fotografia de Gaelle Marcel.