Secretariado Diocesano do Ensino da Igreja nas Escolas - Porto
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Dois paramédicos do Magen David Adom, o equivalente israelita da Cruz Vermelha Internacional,
ainda se estão a recompor da difusão internacional da fotografia que fixa o momento em que,
junto à ambulância que tripulam, se recolhem em oração.
Na imagem, obtida pelas 18h00, vê-se Avraham Mintz, de 43 anos, voltado para Jerusalém,
tendo sobre os ombros o “talled” hebraico, enquanto o seu companheiro, Zoher Abu Jama, muçulmano, de 39 anos,
está ajoelhado no chão, sobre o seu tapete, orientado na direção de Meca.
Os dois prestam serviço na região de Be’er Sheva, no sul de Israel, e não percebem «o clamor suscitado pela foto»:
«Simplesmente rezávamos juntos. Esta é a nossa realidade quotidiana», afirmou Avraham ao "New York Times".
«Quando chega o momento, paramos a ambulância durante alguns minutos.
Cada um reza também pelo outro. Neste trabalho é normal deixar de lado a política,
porque somos chamados a ajudar pessoas em dificuldade», observou Zoher.
Avraham pensa que é o facto de o gesto ser simples que o torna «tão poderoso»; e acrescenta:
«Acredito que Zoher e eu, e a maior parte do mundo, entendemos que precisamos de levantar a cabeça e rezar.
È tudo o que resta», declarou à CNN.
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O Papa declarou hoje que se associa ao apelo recente lançado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres,
para um «cessar-fogo global e imediato em todos os cantos do mundo»,
tendo em conta a «atual emergência do Covid-19, que não conhece fronteiras».
«Associo-me a quantos acolheram este apelo, convido todos a dar-lhe seguimento,
parando qualquer forma de hostilidade bélica, favorecendo a criação de corredores para a ajuda humanitária»,
nomeadamente para as pessoas que se encontram em situação de «maior vulnerabilidade», afirmou.
Nas palavras que proferiu Francisco expressou o desejo de que «o empenho conjunto contra a pandemia»
possa «levar todos a reconhecer» a «necessidade de reforçar os laços fraternos, como membros de uma única família»,
suscitando nos responsáveis pelas nações «um empenho renovado na superação das rivalidades»,
através do «diálogo» e da «construtiva busca da paz», porque, frisou, «os conflitos não se resolvem através da guerra».
«O meu pensamento dirige-se de modo especial para todas as pessoas que sofrem a vulnerabilidade de serem obrigadas a viver em grupo»,
por exemplo, em casas de repouso e casernas, apontou.
Citando um relatório sobre direitos humanos, Francisco mencionou as «prisões sobrelotadas»,
que podem tornar-se «numa tragédia» para a disseminação da pandemia.
«Peço às autoridades que sejam sensíveis a este grave problema,
e tomem as medidas necessárias para evitar tragédias futuras», afirmou.
«A hipocrisia com que tantas vezes se vive a fé, é morte; a crítica destrutiva para com os outros, é morte;
a ofensa, a calúnia, são morte; a marginalização do pobre, é morte».
Papa Francisco e António Guterres. Vaticano, 6.12.2013. Foto: L'Osservatore Romano
Muitas vezes os nossos sonhos nascem e amadurecem sem que nós o decidamos, não são um ato de vontade, somos como que chamados por eles.
Os sonhos são depostos em nós como uma semente e polarizam tudo: por vezes torna-se um sim de toda a pessoa, outras vezes pensamos
que viver um sonho é demasiado pouco, e por isso deixamo-lo morrer e fazemos nascer outro.
...
Hoje vivemos a instabilidade dos sonhos a longo prazo, curamos um sonho com outro sonho, uma paixão com outra paixão,
um desejo com outro, sem permitir-lhes que se tornem realidade.
Os sonhos adoecem e morrem se não se tornam vida, se não permanecem dentro da fidelidade a nós mesmos,
se não nos fazemos hóspedes no seu mistério, se não sabemos esperar,
se os consideramos uma conquista em vez de um encontro.
...
A espera não é passividade, é fermento.
Não é fácil compreender se é desejo que gera em nós inquietude, ou é a inquietude que gera o desejo.
Somos doentes de infinito, andamos ansiosos não pelo pouco, mas pelas demasiadas ofertas,
os demasiados sonhos e desejos a que gostaríamos de ter acesso, mas a que não podemos chegar.
Deixámos adormecer a inteligência, essa capacidade de ler dentro de nós e dentro dos acontecimentos,
de transformar as paixões e os sonhos em ações.
Há uma desproporção entre aquilo que se pode e aquilo que se deseja.
...
Ainda que permaneçam vivos os sonhos, as emoções, a ternura,
estamos cansados de viver uma realidade esmagada que não abraça o sonho.
Os sonhos e as paixões requerem progressividade e paciência, criatividade e coragem para se tornarem vida.
São a coragem e a criatividade que impelem o sonho a tornar-se realidade.
O criativo não é o fantasioso, mas é aquele que é capaz de se sintonizar com a realidade,
e sabe criar harmonia entre o mundo em que vive e o mundo que vive nele.
Os sonhos precisam de paciência e de um passo de cada vez sem ter de recomeçar sempre do início;
precisam de tempo para fazer amadurecer em nós aquilo que ainda não foi resolvido no coração.
Para transformar os sonhos em realidade é necessário um tempo longo,
capaz de penetrar até ao coração da vida, onde os frutos libertam o seu perfume.
O P. Giuseppe Berardelli, de 72 anos, é descrito pelos seus amigos, pelo “seu” presidente do município, como um homem de coração.
Apesar de ter testado positivo para o coronavírus, e com evidentes dificuldades respiratórias, há alguns dias, decidiu sacrificar a sua vida por
uma outra pessoa com o mesmo problema.
Renunciou ao ventilador, que a sua comunidade paroquial tinha adquirido para ele, para que pudesse ser destinado a alguém mais jovem.
Alguns chamam-no o novo S. Maximiliano Kolbe, outros consideram-no herói, para outros é um santo.
Tudo apreços justos, mas o P. Giuseppe era apenas um padre, exclusivamente um padre.
Um padre alegre por o ser, que com a sua motocicleta e o seu ardor inflamaram, durante anos, a sua comunidade.
As suas obras dirigiam-se à comunidade e aos seus jovens, e a sua “última” obra não podia deixar de ser também assim.
Não chegámos a conhecer o P. Giuseppe, a não ser no fim da sua vida; conhecemo-lo pelo seu gesto de amor, e de imediato entrou-nos no coração...
Obrigado pelo teu testemunho.
P. Enzo Gabrieli
In SIR
Trad.: Rui Jorge Martins
Imagem: P. Giuseppe Berardelli | D.R.
Publicado em 24.03.2020
Na Bíblia diz-se que Deus castiga o pecado com flagelos, mas o Cristianismo superou «totalmente» essa visão
O coronavírus está a mostrar «novos modelos de amor», mas é necessário enfrentá-lo não com medo, que conduz ao terror, mas com temor, que inspira esperança,
como também responsabilidade pessoal, considera o presidente do Conselho Pontifício da Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi, que comenta a posição daqueles para
quem o Covid-19 é um castigo enviado por Deus para punir a humanidade pecadora, e sublinha que a crise está a fazer sobressair o essencial em detrimento do superficial.
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Tem uma atitude construtiva. Não tem sequer medo de ser contagiado?
Francamente, não, mas a reflexão que gostaria de fazer é sobre o medo:
um fator central na história da humanidade, baseado na distinção entre duas categorias bem separadas:
de um lado está o medo, que é uma emoção primária negativa, produz terror e conduz à irracionalidade quando cresce.
Do outro lado, por seu lado, está o temos, que é preocupação, mas também respeito.
A distinção aparece até na Bíblia, e é uma das declarações que se escreviam nos edifícios sagrados:
«O princípio da sabedoria é o temor do Senhor».
Temor significa, portanto, estar consciente da complexidade da realidade,
que nós não somos árbitros absolutos do ser e do existir.
O temor é uma virtude, e em certa medida uma necessidade
que está a conquistar espaço nestes dias, e que deveria ser de todos.
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No entanto, o que prevalece hoje é o medo…
Montaigne dizia: o medo é a coisa de que tenho mais medo.
Entendia-o como um excesso de histeria, porque quando predomina sobre tudo adquire uma coloração negativa.
Sófocles acrescentava: para quem tem medo, tudo são rumores.
O temor, ao contrário, é diferente, porque supõe que haja a consciência da dificuldade e o esforço para a superar.
O temor, no fundo, é uma virtude, portanto um empenho.
O temor, entre outros aspetos, não pode existir sem esperança, e a esperança sem temor.
Só com o medo, está-se sozinho à mercê de um resvalar para o terror.
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Transformar o medo do contágio em apenas temor do contágio não é propriamente uma passagem mental simples…
É preciso levar tudo para uma atitude positiva.
Por exemplo, começar a compreender o limite da criatura humana.
A nossa fragilidade. Num período de triunfo da autonomia, da autossuficiência, da tecnologia, estamos expostos a um limite.
Somos frágeis, e a descoberta deste fator não está dada como adquirida.
O desafio dos jovens que desafiam o contágio. Não têm ainda a perceção sapiencial de que não somos eternos.
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Depois há o tema da ciência…
E é preciso exaltar-lhe sempre a grandeza por aquilo que consegue efetivamente fazer,
mas é preciso compreender que não pode tudo.
A vacina contra o coronavírus, por exemplo, ainda não foi encontrada.
A ciência tem percursos que não esgotam todas as questões.
A ciência não consegue resolver o medo, o aspeto existencial.
Aqui devem estar mais presentes a cultura e as religiões.
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O que é que esta crise nos está a fazer entrever?
Que vemos avançar os novos modelos de amor.
Veja-se a fotografia da enfermeira que adormece, esgotada, sobre o teclado.
É o símbolo da generosidade num mundo tendencialmente egoísta.
Os médicos que arriscam os contágios são um outro exemplo de amor não retórico, mas concreto.
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O vírus não olha ninguém no rosto…
É como se se estivesse a criar uma escala de valores melhor. Como quando se tem de enfrentar uma doença grave.
Mesmo que se tenha muito dinheiro e a possibilidade de ter tratamentos melhores, a escala de valores assume outra disposição.
Os afetos, por exemplo, como também a invocação a Deus por parte do não crente. Nem tudo se reconduz à concretização do egoísmo imediato.
Nestes dias há maior preocupação com os familiares, com o cônjuge. Há uma educação que é chamada a paideia da dor.
Saul Bellow repetia que o sofrimento, por vezes, serve para expulsar o sono da razão e o vazio da humanidade.
A banalidade superficial é colocada em crise, e as coisas essenciais tornam-se fundamentais.
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O coronavírus está a esfarelar o tabu da morte?
E de que maneira. Está a fazer-nos compreender que não somos eternos. Somos morredoiros.
Na nossa sociedade, a ideia da morte tinha-se tornado a grande apátrida. Ninguém a queria.
Era até considerado pouco educado falar dela.
A este termo eram preferidos sinónimos, como falecimento, desaparecimento.
Não se podia, depois, fazê-la ver às crianças.
Por outro lado havia a pornografia da morte, isto é, o excesso de imagens que ciclicamente aparecem na internet.
O coronavírus reposicionou a ideia de morte como percurso natural da nossa vida.
Devemos fazer as contas.
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Há fundamentalistas cristãos para quem o vírus é o castigo de Deus.
São conceções retributivas que estão na Bíblia.
Deus manda os flagelos porque pecámos.
Mas no cristianismo esta visão é totalmente superada.
Jesus não nos abandona na nossa morte, fica ao nosso lado.
Sempre.
Franca Giansoldati
In Cortile dei Gentili
Trad.: Rui Jorge Martins
Imagem: marketanovakova/Bigstock.com
Publicado em 23.03.2020